sábado, 29 de maio de 2010

ATÍPICO, MAS DIA EXCELENTE !

Dia particularmente atípico o de hoje...
Primeiro, saí de casa pelas seis e meia da manhã para o Alentejo na tentativa de pescar um achiganito e, a meio do percurso, talvez já perto de Coruche, detectei que ia sem dinheiro…

Tinha esquecido a carteira das notas em casa!... Acho que aconteceu pela 1ª vez em toda a minha vida.

Depois do alarme da campainha aqui na caixinha dos pirolitos e da preocupação daí resultante, decidi não voltar para casa e seguir para a pesca. “Esqueci”, com pena, o excelente pão alentejano que habitualmente levo para casa e “esqueci” o risco de uma avaria no jipe e a enrascadela em que poderia estar sem dinheiro para me salvar e, restava o almocinho, que teria de ser sacado… fiado…

Pensei nisso e achei que o Fernando, amigo do restaurante que há anos por ali frequento normalmente, não me recusaria o calote. Pensei e pensei bem: Na hora, não só me fiou o excelente almoço como ainda me ofereceu dinheiro emprestado para não andar… de bolsos vazios. Mas recusei agradecido. Na verdade, dali iria voltar aos achigãs e, afinal, no “jipinho da cidade” como ele chama ao Land Rover, eu agora tenho confiança.

Disse ao Fernando onde iria tentar pescar um peixinho logo de seguida ao almoço, em hora imprópria para a pesca do achigã - duas, da tarde... - em local que ele conhece também e parti.

É uma charca de acesso algo inacessível, pela distância, bem lá no interior do mato, pelo caminho mau e difícil e até porque há 5 anos secou por completo por falta da chuva. Só malucos viciados nesta pesca, como eu, avançam para ali... (Um dia tenho uma avaria no jipe e levo meio dia andando a pé para pedir ajuda porque, acesso a rede de telemóvel, é coisa que não existe… )

Em Novembro tinha “cheirado” o “buraco” e visto ali uns achiganitos de pouco mais de palmo e era o que procurava encontrar. Talvez agora maiores mas, podia ser que tivesse alguma surpresa, pensava…

E não é que tive mesmo? Á chegada e depois de deixar o jipe algo distante para não ficar preso na areia do local, vi um bicho de quilo – de quilo! - , ali a 2/3 metros da margem. Lancei uma 1ª vez e, à segunda, ele aí veio!

Satisfeito, como é bom de ver, só me deu para pensar: Saquei um achigã (1,2 kg!) no meio do mato! Na verdade, não é exagerado o que digo: Uma pequena charca, rodeada de mato, sobreiros e pinheiros, cria peixes deste porte!

Sem a mais leve poluição! O que a Natureza cria! Coisa linda!

Deixo aí a foto, obtida com alguma dificuldade porque queria que em fundo ficasse a pequena poça e, embora corra o risco de olhos estranhos e traiçoeiros procurarem descobrir o “buraco”, não me importo. (Um dia conto a surpresa que há anos senti por causa do descuido de aqui publicar fotos destas…)

Afinal, assim como assim, em vários anos pesquei ali dois achigãs de porte razoável e pode ser que cheguem para todos…


2 comentários:

Unknown disse...

Que beleza! Quem dera eu pudesse sair de casa "de bolsos vazios" e encontrar um "buraco" como esse! Lamento que minha aposentadoria esteja muito longe, para ir de vez para o campo... Que habilidade com as letras! Em ti corre sangue de Saramago, Camões e Pessoa... Quando irá reunir todas essas memórias e eternizá-las num livro? Abraços. Steve.

Victor Azevedo disse...

Amigo, Steve
Lamento só agora encontrar este tão amável comentário e por isso peço desculpa por tão grande demora no meu agradecimento!
Um abraço, passe sempre e muito obrigado!